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#267 – Em busca de nossa maioridade filosófica | Entrevista com José Crisóstomo de Souza
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José Crisóstomo de Souza possui Graduação em Filosofia, UFBA, Dr. em Fil. Pol, Unicamp, pós-douts. em Fil. Contemp. (1993-95), UC-Berkeley, e New School (2014-15), prof. titular do Depto de Fil. do Programa de Pós-Grad. em Fil. Contemp., UFBA, Coordenador do Grupo de Pesquisa Poética Pragmática e membro do Centro de Estudos Dewey e Pragmatismo. Principais áreas de interesse: fil. social e politica, hegelianismo e Marx, fil. contemp. e pragmatismo, hegelianismo e Marx. A partir de um acúmulo de estudos nessas áreas, trato de articular um ponto de vista filosófico próprio (ao mesmo tempo os contornos de um campo de investigação) que denomino de materialismo prático-poiético, tendo como horizonte uma consideração da ‘filosofia como coisa civil’. Sobre isso, ver publicações, grupo de pesquisa Poética Pragmática, a página www.jcrisostomodesouza.ufba.br, também a do Centro Dewey em http://deweypragmatismo.wordpress.com. Escolhi estudar jovens hegelianos em 1982, por entender, como Habermas depois, que somos filosoficamente seus contemporâneos. Participo do entendimento, dele, de Rorty e outros, de que parte do pragmatismo pode ser compreendida – e para mim desenvolvida – como vertente daquele hegelianismo e como uma versão democrática de filosofia da praxis. Proponho que esse ‘pragmatismo’ (em sentido muito amplo) pode ser considerado como um terreno para onde convergem importantes desenvolvimentos filosóficos do nosso tempo, onde floresce uma elaboração filosófica viva, coletiva, verdadeiro work in progress, do qual é possível e relevante participar. Boa parte do que se chama hoje de fil. pós-metafísica coincide com o que denominamos amplamente de pragmatismo, que inclui autores como Dewey, Putman, Habermas, Rorty, Unger, Bernstein, elementos de Heidegger e do voluntarismo francês etc. Foi nesse espírito que estudamos e publicamos os debates entre alguns deles, entendendo, entretanto, que seus representantes perdem de vista elementos a serem resgatados de ‘filósofos práticos’ anteriores (v.g. Pierce, Nietzsche, Marx, Feuerbach, Hegel). Diante disso desenvolvemos um projeto de pesquisa no qual essa perspectiva geral, que caracterizamos como virada prático-histórica, destranscendentali-zante, da filosofia, pode ser testada e elaborada no rumo de uma alternativa pragmatista própria, nacionalmente referida. Foi em associação a esse esforço que no início de 2013 criamos na FFCH/UFBA o Centro Dewey, com um conselho consultivo formado por conhecidos pesquisadores pragmatistas, neo-pragmatistas, hegelianos, de diferentes países. Atividades ligadas ao Centro têm sustentado um intercâmbio com professores pesquisadores do Brasil e do exterior, com trabalhos nessa área, entre os quais Cristina di Gregori, Horacio Mercau, J.-P. Cometti, Goyo Pappas, Larry Hickman, André Berten e Richard Bernstein. A realização do XVII Cong. da Soc. Interamericana de Fil., em Salvador, out. 2013, permitiu-nos realizar simultaneamente nosso primeiro colóquio internacional, de `pragmatismo e filosofia contemporânea, com a maioria dos nomes mencionados e mais Chris Voparil, Ken Stikkers, Ivo Ibri, D. Moggach, Paul Thomas e outros. O desenvolvimento dessa linha de trabalho iniciado com um pos-dout. em 2014/15, tem conduzido mais recentemente à formulação de um ‘materialismo prático poiético’, que em 2016 pude discutir no V Colóquio Internac. de Fil. do Conhecimento (sobre criação e inovação), na Univ. de La Plata, Arg. Passos dessa elaboração apareceram publicados em Cognitio (S.P.), sob o título de `Teses ad Marx` (uma correção pragmatista de Marx) e `O Mundo Bem Nosso` (para um anti-representacionismo prático-sensível, poiético).